Andando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Eles estavam lançando redes ao mar, pois eram pescadores. E disse Jesus: “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”. No mesmo instante eles deixaram as suas redes e o seguiram. – Mateus 4:18-20
“Eu os farei pescadores de homens”. Estas palavras do Senhor Jesus, direcionadas a Pedro e seu irmão André, aparecem nos primeiros três Evangelhos, e são bem conhecidas pela grande maioria dos crentes. Gostamos de refletir sobre o significado desta frase, de ser um “pescador de homens”, normalmente interpretando-a como um “ganhador de almas”, ou um evangelista.
Porém, eu creio que estas palavras tiveram um significado ainda mais pessoal, mais individual, para Pedro.
Pedro era um pescador profissional. Lendo os Evangelhos, eu entendo que Pedro não somente trabalhou como pescador, mas amou o seu trabalho. Ser pescador foi a sua identidade, o seu orgulho. Esta profissão significava quem ele era: Pedro, o Pescador.
Nos evangelhos nós vemos o quanto Pedro se identificou com a pesca. Duas vezes nós temos relatos dele ter passado a noite inteira pescando1. Depois da morte do Senhor Jesus, e Pedro ter negado que ele O conheceu, a reação de Pedro foi de voltar a pescar: “Vou pescar”2 – e mesmo assim, o Senhor Jesus o restaurou, num processo que começou com Ele enchendo seu barco com peixe e preparando café de manhã – que incluiu peixe sobre as brasas.
Eu imagino que Pedro viveu para a pesca. Ele pescou o dia todo – e, às vezes, a noite toda também. Sua comida preferida foi peixe. Quando ele dormia, acredito que provavelmente sonhava com peixe!
E neste contexto podemos entender melhor o chamado do Senhor Jesus para Pedro. “Siga-me, e eu o farei pescador de homens”. Jesus não o chamou para abandonar completamente o seu dom, sua profissão, a sua habilidade. Porém Ele pediu uma entrega total do pescador, para que este pudesse se tornar pescador para o Rei e para Seu reino, um pescador de homens.
Nós vemos como Jesus logo começou a utilizar a habilidade natural de Pedro para promover Seu reino. Em Mateus capítulo 8, um barco dos discípulos se torna o meio de transporte para o mestre alcançar e libertar um endemoninhado, uma forma de transporte, aliás, que foi utilizada diversas vezes pelo Senhor Jesus. Em Mateus capítulo 13 um barco se tornou o seu púlpito para pregar às multidões na praia, bem como tinha acontecido em Lucas capítulo 5.
Mas, é em capítulo 17 de Mateus, versículos 24 a 27, que nós realmente vemos como a habilidade natural de Pedro para pescar, combinou com o poder sobrenatural do Senhor Jesus para providenciar o dinheiro para pagar o imposto do tempo:
No dia de Pentecoste, quando Pedro recebeu a unção, a capacitação do Espírito Santo, nós finalmente vemos o pescador jogando a sua rede e pescando 3000 almas numa só vez:
Eu creio que no exemplo de Pedro nós vemos uma verdade importante sobre nossos dons e ministério. Deus planejou e projetou seu destino antes de você nascer, e já te deu habilidades, interesses e desejos que, depois de serem entregues ao Senhor Jesus, santificados pelo Seu sangue e remidos para Seu reino, formam uma parte fundamental do seu destino: “Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos”3.
As coisas que nós gostamos de fazer, aqueles dons e habilidades naturais, quando entregues ao Senhor Jesus e ungidos com Seu Espírito, muitas vezes formam a base de nosso ministério.
Em Atos 1:8 Jesus prometeu aos Seus seguidores que o Espírito Santo iria “descer sobre” eles. Ele usou a mesma linguagem em Lucas 4:18 quando falou que “O Espírito do Senhor está sobre mim”.
A unção, a capacitação do Espírito Santo vem sobre nos. Ele não vai ungir nossa tentativa de imitar um pastor poderoso ou um ministro famoso. Seu Espírito quer descer sobre nos como um manto, se encaixando perfeitamente com a forma que Deus nos criou, com os dons, desejos e habilidades necessários para cumprir nossa missão neste mundo.
Eu pergunto se Pedro esqueceu do seu chamado de ser um “pescador de homens” na noite em que o Senhor Jesus foi traído. Em João capítulo 18, versículos 10 e 11, podemos ver que ele portou uma espada, talvez pensando que seria um grande soldado como o Rei Davi, assim lutando nas batalhas do Senhor e defendendo o Messias:
O resultado desta atitude foi desastroso: Malco perdeu uma orelha, Jesus precisou fazer mais um milagre para compensar aquela “ajuda” do seu discípulo, e Pedro recebeu uma repreensão pública do Senhor na hora que ele imaginou que seria da sua gloriosa vitória.
Podemos aprender com Pedro que devemos ser quem Deus nos criou para ser. Ele nós criou com propósitos, e mesmo que Ele que nos unja com Seu Espírito, tudo que Ele tem plantado, tem colocado dentro de nós, faz parte de Seu plano para nosso destino.
Pr Paul David Cull
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1 Lucas 5:5 e João 21:3
2 João 21:3
3 Efésios 2:10
Citações da Bíblia da Edição Contemporânea de Almeida da Editora Vida.