O ano de 2010 mal começou e estamos vendo o que parece ser um avalanche de desastres naturais ocorrendo. Nos primeiros minutos do ano houve a tragédia em Angra dos Reis, que tem resultado em mais que 50 mortes. A cidade de São Luís do Paraitinga, no estado de São Paulo, foi praticamente destruída com temporais, e mais que quatro mil pessoas ainda estão desabrigadas ou desalojadas. A queda da uma ponte em Agudo – RS deixou três mortos e mais duas pessoas desaparecidas. Bairros da zona leste de São Paulo estão alagados há mais que trinta dias.
No ano passado, a região sul do país foi severamente castigado por desastres, com 94% das cidades do Estado de Santa Catarina sendo atingidas por temporais, tornados, vendavais ou estiagens. No primeiro dia deste ano, 234 cidades no Rio Grande do Sul tinham decretado estado de emergência por causa das fortes chuvas que começaram em novembro. A pandemia da gripe A (gripe suína) teve 58.178 casos no Brasil em 2009 e provocou 1.568 mortes.
Como evangélicos, o que deve ser a nossa resposta a tudo isso?
Em Mateus capítulo 24, o Senhor Jesus falou sobre os sinais “da tua vinda e do fim dos tempos” (v 3), que incluem “Levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes, pestes e terremotos em vários lugares” (v 7). Em Lucas capítulo 21, Ele acrescentou que “haverá grandes terremotos, fomes e pestilências em vários lugares, e coisas espantosas e grandes sinais do céu” (v 11), e também que “as nações ficarão angustiadas e perplexas pelo bramido do mar e das ondas” (v 25).
Porém, o Senhor Jesus continuou, dizendo “todas estas coisas, porém, são o princípio das dores” (v 8). Como as dores do parto, que anunciam o nascimento que está por vir, este sinais estão aumentando, tanto em intensidade quanto em freqüência, até que, finalmente, “virá o fim”.
Sabendo então, na luz da Bíblia, que tais eventos, incluindo guerras, crise e escassez, pragas e pandemias, terremotos, tsunamis e tempestades vão acontecer mais e mais, como devemos responder?
Em primeiro lugar, não hão motivo por medo. Jesus disse que “Quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima”1. As dores do parto, mesmo sendo tão angustiantes, são o sinal que o Filho está chegando, que “o reino de Deus está perto”.
Também, devemos lembrar que o nosso Pai, que cuida dos aves e flores do campo, ainda cuida de nós. Nas palavras do Senhor Jesus, “Meu Pai, que as deu a mim, é maior do que todos; ninguém pode arrebatá-las da mão dele”2. O Apóstolo Paulo escreveu: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Pois estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”3.
Podemos ter a certeza que, no meio deste aumento em desastres e calamidades, ainda Papai está e estará cuidando de nós.
Porém, não devemos ler Mateus capítulo 24 sem continuar para o próximo capítulo. E lá nós encontramos um dos mais perturbadoras das parábolas do Senhor Jesus, a parábola sobre as ovelhas e os bodes (versos 31 a 43):
Quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória. Todas as nações se reunirão diante dele, e ele apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. Ele porá as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda.
Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Pois tive fome, e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; estive enfermo, e me visitastes; preso e fostes ver-me.
Então perguntarão os justos: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou preso e fomos ver-te?
Ao que lhes responderá o Rei: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Pois tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; fui forasteiro e não me recolhestes; estive nu e não me vestistes; enfermo e preso e não me visitastes.
Então eles também lhe responderão: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou preso, e não te servimos? Então lhes responderá: Em verdade vos digo que, todas as vezes que o deixastes de fazer a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna.
Aqui nós vemos – como o cantor Keith Green explicou tão sucintamente – “a única diferença entre as ovelhas e os bodes consistia nas coisas que eles fizeram ou não fizeram”. Os “malditos” foram banidos ao “castigo eterno” justamente porque eles não alimentaram os faminto e sedentos, não derem abrigo aos desabrigados, não derem roupas e agasalhos àqueles que tiveram perdido tudo, não deram assistência aos presos e enfermos.
Sabemos que a salvação é por meio da fé e não das obras: “Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé – e isto não vem de vós, é dom de Deus- não das obras, para que ninguém se glorie”4. Porém, a palavra também explica que “a fé sem as obras é inútil”5 (alguma traduções “morta”). Se é a nossa fé é realmente uma fé salvadora, ela vai gerar em nós o amor para com o nosso próximo que vai se expressar através de obras de compaixão e misericórdia.
E é interessante que o Senhor Jesus nos deu essa parábola precisamente depois de sua exposição sobre os sinais da Sua vinda.
Eu creio que todos os evangélico têm uma responsabilidade, diante de Deus, de estarmos preparados para ajudar os necessitados e afligidos dos desastres que estão acontecendo e que certamente continuarão a acontecer, para que em nossas expressão de compaixão, o mundo pode ver um pouco do amor do Pai. Como Jesus falou em Mateus 5:16, “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”.
Podemos preparar-nos através de várias formas. Aprendendo primeiros socorros e noções de sobrevivência, resgate e busca e salvamento. Mantendo estoques de mantimentos, cestas básicas, roupas e cobertores, tanto para nosso uso em caso de um desastre, como para ajudar outros em necessidade. Treinando e servindo como voluntários com a Defesa Civil e outros grupos.
Com o desejo de ajudar a Igreja Brasileira se preparar para essas situações de emergência, eu tenho preparado e ministrado um curso, com autorização do governo dos Estados Unidos, que tem sido usado para treinar grupos de jovens para desastres. Este curso, chamado CERT (Community Emergency Response Teams ou Equipes Comunitárias de Resposta à Emergência) visa preparar voluntários para poderem sobreviver nas primeiras 72 horas depois de um desastre, e poder prestar assistência imediata aos seus vizinhos e comunidade local. Mais informações sobre o programa CERT podem ser obtido no site www.certbrasil.org .
Vamos estar prontos para poder mostrar o amor de Cristo, em formas práticas, nestes dias de desafios acentuados.
Pr Paul David Cull
www.avivamentoja.com
1 Lucas 21:29
2 João 10:29
3 Romanos 8:35,38-39
4 Efésios 2:8-9
5 Tiago 2:20
Citações da Bíblia da Edição Contemporânea de Almeida da Editora Vida.